quarta-feira, 28 de abril de 2010

A BISSEXUALIDADE E O COMPORTAMENTO SEXUAL DO JOVEM



Quando uma mulher está grávida, a grande pergunta que todos fazemos é em relação ao sexo do bebê. A pergunta de praxe é se vai ser uma menina ou um menino. Ninguém pergunta se o bebê que uma mãe está esperando é heterossexual, homossexual ou bissexual. A única certeza quando uma criança nasce em relação a sua orientação sexual, é que ela é uma “menina” ou um “menino”.


Com o passar dos anos e com a chegada da adolescência, sendo que é nessa fase que os jovens descobrem seu próprio corpo, as dúvidas ou as certezas em relação a sua orientação sexual são afirmadas. É nessa fase que a formação sexual é definida. Para todos nascemos seres polimorfos e, portanto, bissexuais, sendo que a nossa orientação sexual seria determinada na infância devido a fatores ambientais e familiares.


Já para Alfred Kinsey, o zoólogo e cientista considerado “pai da revolução sexual” que ficou famoso no século XX, nas suas pesquisas com a sexualidade, o ser humano pode ter sua opção sexual variada segundo uma escala, à escala Kinsey. Sendo que em um extremo da escala estaria o indiferente sexual e no outro extremo a heterossexualidade exclusiva. Os bissexuais estariam no meio da escala. Abaixo está a escala e suas divisões: (1948, p.639).




Para a sexóloga Kátia Queiroz, “experimentar” a bissexualidade, não significa que a pessoa vai ser bissexual. No período da formação sexual o jovem pode experimentar como curiosidade, como dúvida. Ter uma experiência bissexual ou homossexual, não quer dizer que o jovem tem que ser caracterizado como bi ou como homo. Para a Queiroz, mesmo o ser humano que pratica a bissexualidade, ele terá uma orientação para um lado.
Já para o sociólogo Silvio Benevides, nascemos uma folha em branco, somos bissexuais por natureza. É o processo de socialização que leva a gente optar para o um lado, ou para outro. Benevides também afirmou que os bissexuais sofrem mais preconceito por serem vistos como pessoas que não se decidiram ainda para que lado optar. O grande poeta inglês William Shakespare, apesar de ter sido casado com Anne Hathaway e de ter tido três filhos, sua orientação sexual, sempre foi questionada. Através de sua obra e analisando alguns das centenas de sonetos que Shakespare escreveu, muitos estudiosos acreditam que o grande poeta era bissexual. Esse e um dos poemas de Shakespeare que fala sobre a sexualidade:
Meus dois amores de consolo e de aflição. Como dois anjos me dominam por igual. O anjo do bem é um formosíssimo varão, e uma mulher de cor bem má o anjo do mal. Para levar-me para o inferno mais depressa. Meu feminino mal tira o anjo do meu lado. E só por transformá-lo em diabo se interessa, Solicitando-o com um ardor abominado. Se o anjo se fez demônio, eis ponto alto encoberto: Bem posso desconfiar, porém não asseguro: São amigos, e como eu não os vejo perto, Que um esteja no inferno do outro conjeturo. Sobre isso viverei em dúvida, porém, Até que o anjo do mal expulse o anjo do bem. (SHAKESPEARE, 1609, p.131).


Nos dias atuais com a liberdade de expressão ficou mais fácil o jovem afirmar suas escolhas sexuais. Muitos contam que já tiveram relações bissexuais. Se um garoto que já tenha experimentado o sexo oposto, ou seja, mulher, sentir atração por uma pessoa do mesmo sexo e acaba reprimindo, ficará com aquele desejo reprimido.
Alguns jovens hoje “experimentam” a bissexualidade ou até mesmo a homossexualidade, sem preconceito. Outros como muitos costumam dizer estão seguindo um “modismo”. Quem nunca ouviu falar de alguém que tinha sua orientação sexual bem resolvida, e que acabou ficando com alguém do mesmo sexo só por ter muita gente “experimentando” a bissexualidade.
Sem contar no fato da influência da mídia. Relacionamento que estão a todo o momento sendo mostrados na tevê, sites, despertam a curiosidade dos jovens e o desejo de experimentar. O que não significa que eles podem ser considerados bissexuais. A questão do modismo tem muita a ver com a mídia.
O que falar do beijo cinematográfico que Madonna deu em Britney Spears no Vídeo Music Awards, em 2003. Não há sombra de dúvidas de que mulher com mulher dá audiência. Pode-se até considerar uma epidemia de beijos femininos na mídia. No Brasil, por exemplo, Daniela Mercury e Alinne Rosa trocaram beijos na gravação de um DVD no ano passado. E as francesas Sophie Marceau e Monica Bellucci, nuas e abraçadas na revista Paris Match. São algumas provas do marketing que rende muito, uma forma de chamar atenção e vender. O que acaba influenciando sim os jovens.


Se, como suspeito, a bissexualidade não é somente outra orientação sexual, e sim uma sexualidade que desfaz a orientação sexual como categoria, uma sexualidade que ameaça e questiona a fácil dualidade de hetero e gay [...] e mesmo, através de seus significados biológicos e fisiológicos, as categorias de masculino e feminino, então a busca de significado para a palavra “bissexual” oferece uma lição diferente. Em vez de dar nome a uma minoria invisível, mal percebida, que agora encontra seu lugar ao sol, a categoria “bissexual” passa a estar,como os próprios bissexuais, em todo lugar e em lugar nenhum. Resumindo, não existe um “realmente”. A questão de saber se alguém era “realmente” hetero ou “realmente” gay deixa de reconhecer a natureza da sexualidade, que é fluída, não fixa, ainda que complexa. A descoberta erótica da bissexualidade é o fato de ela revelar que a sexualidade é um processo de crescimento, transformação e surpresa, e não um estado conhecível e estável. (GARBER, 1997, p. 14).
Assumir a homossexualidade, para um jovem é algo muito difícil. Agora imagine assumir que gosta do mesmo sexo, é algo mais complicado ainda. Para a psicóloga Thays Babo, em um artigo publicado em seu site assumir-se bissexual inicia uma discussão que muitas vezes envolve juízos de valor, debates sobre valores morais. Babo afirma que por estarem confusos, eles pensam que ainda não se definiram sexualmente. “Na verdade, o armário bi tem duas portas: uma para homossexualidade, outra para a heterossexualidade, e abrir ambas ao mesmo tempo requer muito mais do que coragem: requer auto-aceitação, auto-entendimento”.
Muitos militantes do movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transsexuais), discriminam os bissexuais, em sua maioria, eles são vistos como pessoas que estão em cima do muro.
Em um artigo publicado no site, Antônio Augusto (Militante do Movimento Gay Leões do Norte), afirma que um dos grandes motivos para a falta de representatividade dos bissexuais, na luta contra o preconceito, é a ausência de militantes bissexuais dentro desses grupos. Por ser alvo de chacotas e piadinhas, muitos bissexuais não se assumem sua orientação sexual.
Se um jovem que leva uma vida heterossexual, de repente se sente atraído por uma pessoa do mesmo sexo e permanece com aquele desejo reprimido. Com o passar dos tempos, aquele desejo que estava ali reprimido, ainda permanece. É muito difícil para o jovem ficar com essa dúvida. Todo esse processo é lento, por isso o bissexual muitas vezes passa anos “em cima do muro”. Como também além de sofrer preconceito dos dois lados, sendo a minoria dentro da minoria.

Um comentário:

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